segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A VIDA ÍNTIMA DE LAURA E OUTROS CONTOS

A vida íntima de Laura e outros contos

“A vida íntima de Laura” é um presente que a Clarice deixou para nós. É ela própria quem conta a história, e começa descomplicando o termo “vida íntima”, que não é tão difícil de ser entendido quando explicado de forma simples como Clarice faz.
Aliás, a linguagem que ela utiliza é bem simples, parece mesmo é que ela está conversando com quem está lendo, e isso torna a leitura bem agradável.
Mesmo sendo íntima, a vida da galinha Laura é exposta a quem quiser ler esse conto, e Clarice não hesita, conta tudo!
Laura, uma galinha muito simples, porém bem-humorada e vaidosa – pois gosta de estar sempre bem limpinha e arrumada – é muito valorizada por sua dona e por toda a vizinhança, pois é a galinha que mais bota ovos.
Esse talento compensa a falta de inteligência dela. Mas pensando bem ela não é tão burra assim, pois sabe que ser diferente não é defeito e não sente preconceito pela galinha carijó, a única dessa raça em todo o galinheiro. As duas até são amigas. Deve ser porque, como diz a Clarice, sabem que para Deus não existe esse negócio de raça melhor ou pior.
Um dia Laura sente que vai ser mamãe. Corre contar para seu marido, o Luís. Logo que o filho nasce ela começa a cuidar dele, como as mães costumam fazer: dar comida na boca, etc. E ela se sente muito satisfeita com a maternidade.
Mas Laura tinha um medo. Um medo terrível: de morrer. É isso mesmo! Ela morria de medo de morrer. E não é que certa vez inventaram de fazer galinha ao molho pardo e a cozinheira queria logo a Laura para fazer o tal prato!
Porém Dona Luísa, a dona da Laura, não deixou, pois ela era uma galinha estimada. E Laura muito da esperta – ah, está vendo só, ela não tinha tanta burrice assim, não – se suja de lama para não ser reconhecida e não ir para a panela, já que todas as galinhas eram um pouco parecidas.
Acabam escolhendo outra galinha.
Laura era uma galinha comum, mas não para o Xext (lê-se: Equzequte), uma espécie de anjo da guarda, habitante de Júpiter, que certa noite desceu até o galinheiro onde ela dormia para lhe conceder um desejo. Mas Laura só pediu uma coisa: se seu destino fosse o de virar comida, queria ser comida por Pelé.
Mas que pedido esquisito, você não acha?
Será que Xext concedeu a ela esse desejo? Só a Laura mesmo para pedir uma coisa dessas!
Ah... Um segredinho, mas que fique só entre nós: a Laura é bem vivinha ainda!

Essa é uma das histórias que fazem parte do livro “A vida íntima de Laura e outros contos”, e se você gostou dela vai gostar também de “A mulher que matou os peixes” e “Quase de verdade”, é só ir correndo para a biblioteca e se divertir com essas histórias de bichos e mais bichos!!!

(Referência do livro: LISPECTOR, Clarice. A vida íntima de Laura e outros contos. Ilustrações: Flor Opazo. Rio de Janeiro: JPA, 2011.)

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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

CAFUTE E PENA-DE-PRATA

Cafute e Pena-de-Prata

            Dois pintinhos, muito diferentes em sua vida social, porém iguais nos seus desejos, são os personagens desse livro de Rachel de Queiroz.
            Ambos vivem aflitos por não saberem de seus destinos, o que acontecerá com eles no futuro, já que dependem dos seus donos.
            O maior sonho dos dois: ganhar a liberdade.
            Cafute, o pintinho pobre, vive sonhando com o dia em que sairá livre pelo mundo para descobrir as coisas existentes nele e viver aventuras inesquecíveis. Ele é ousado, destemido.
            Já seu amigo Pena-de-Prata, pinto de rico, é medroso, desconfiado, pois sempre viveu sendo cuidado por seus donos; viveu, literalmente, debaixo das asas dos donos!
            Cafute, muito esperto, numa oportunidade de ouro, vê a chance de mudar de vida, num descuido do tratador, vê que a portinhola do galinheiro está aberta e mais que depressa chama o amigo, Pena-de-Prata, saem, rapidinho, rumo à liberdade.
            As aventuras só estavam começando! Nesse mundo, “vasto mundo”, tiveram que aprender a lutar pela sobrevivência; encontraram muitos personagens diferentes, alguns até ameaçadores; tiveram que procurar por comida, pois não tinham mais a regalia de só esperar.
            O dois amigos se aventuram em um mundo desconhecido, mas com confiança e respeito um pelo outro aprendem várias lições de vida.
            Pena-de-Prata acostumado a ter tudo o que era de bom não consegue ficar muito tempo longe do galinheiro. Cafute, talvez por já ter passado por grandes dificuldades, não sente tanta falta do galinheiro e deslumbra uma vida nunca por ele antes vivida.
            Dois amigos buscando um sentido para suas vidas, saem à procura do que querem, mas é no mundo, lá fora do galinheiro, que descobrem o que realmente querem.
            Será que algum deles voltou para o galinheiro? Será que algum deles não aguentou a vida longe daquilo que estava acostumado? E todas as aspirações que tinham? O que terá acontecido com nossos personagens?
            Vamos ler essa história de amizade e confiança para saber o que falou mais alto: a liberdade ou a comodidade!!!


(Referência do livro: QUEIROZ, Rachel de. Cafute e Pena-de-Prata. Ilustrações de Maria Eugênia. São Paulo: Editora Saraiva, 2004.)

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